segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

A IGREJA DE PORTAS ABERTAS



TEXTO BÍBLICO: “Ao cair da tarde daquele dia, o primeiro da semana, trancada as portas da casa onde estavam os discípulos com medo dos judeus, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco!” (João 20:19).


     INTRODUÇÃO: João 20:19 apresenta o retrato da IGREJA DE PORTAS FECHADAS; e o texto sagrado acrescenta: “com medo dos judeus”. E o medo é a primeira trave que mantém a porta da igreja fechada. E se a porta da igreja estiver fechada, Jesus por certo estará ausente. A igreja de portas fechadas é SURDA, CEGA, DESOBEDIENTE, IRRESPONSÁVEL. Essa, realmente essa, era a condição da primitiva Igreja de Jerusalém, naquele maravilhoso domingo da ressurreição do Senhor Jesus. Mas aquela igreja não permaneceu com suas portas fechadas; aquela igreja caminhou para a vitória, caminhou para a utilidade no bendito Filho de Deus. A Igreja de Jerusalém se preparou para abrir às suas portas. E em que consistiu sua preparação? Primeiramente em oração: “Todos estes perseveravam unânimes em oração, com as mulheres, com Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele” (Atos 1:14). Ela endireitou as coisas; pôs tudo em perfeita ordem; obedeceu à ordem terminante do Mestre, de permanecer na cidade ATÉ QUE DO ALTO FOSSE REVESTIDA DE PODER. Segundo, confiou na promessa do Pai, feita por Jesus: “Eis que envio sobre vós a promessa de meu Pai; permanecei, pois, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder” (Lucas 24:49) e “Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; de repente, veio do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam assentados. E apareceram, distribuídas entre eles, línguas, como de fogo, e pousou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem” (Atos 2:1-4). As portas da Igreja de Jerusalém se abriram para uma multidão de milhares de milhares, procedente de dezesseis diferentes pontos da terra.

     I – É A QUE TRABALHA NO PODER DO ESPÍRITO SANTO: Antes do Pentecostes, o grupo de discípulos tentou muitas vezes fazer a obra do Mestre no poder da carne. Resultado: fracassaram na expulsão do demônio no sopé do Monte Hermon – “E quando chegaram para junto da multidão, aproximou-se dele um homem, que se ajoelhou e disse: Senhor, compadece-te de meu filho, porque é lunático e sofre muito; pois muitas vezes cai no fogo e outras muitas, na água. Apresentei-o a teus discípulos, mas eles não puderam curá-lo. Jesus exclamou: Ó geração incrédula e perversa! Até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei? Trazei aqui o menino. E Jesus repreendeu o demônio, e este saiu do menino; e, desde àquela hora, ficou o menino curado. Então, os discípulos, aproximando-se de Jesus, perguntaram em particular: Por que motivo não pudemos nós expulsá-lo? E Ele lhes respondeu: Por causa da pequenez da vossa fé. Pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível” (Mateus 17:14-20); fracassaram na vigilância com o Senhor Jesus no Getsêmani – “E, voltando para os discípulos, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Então, nem uma hora pudeste vós vigiar comigo? E, voltando, achou-os outra vez dormindo; porque os seus olhos estavam pesados. Então, voltou para os discípulos e lhes disse: Ainda dormis e repousais! Eis que é chegada a hora, e o Filho do homem está sendo entregue nas mãos de pecadores” (Mateus 26:40,43,45); Pedro decepou a orelha de Malco e, pouco depois, negou vergonhosamente o seu Mestre, em casa do Sumo Sacerdote – “Então, Simão Pedro puxou da espada que trazia e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita; e o nome do servo era Malco” (João 18:10), “Então, a criada, encarregada da porta, perguntou a Pedro: Não és tu também um dos discípulos deste homem? Não sou, respondeu ele” (João 18:17). E O resultado de tudo isso é o que lemos em João 20:19: “estavam reunidos de portas trancadas”. E as portas daquela igreja permaneceram trancadas até que o Espírito Santo veio sobre ela. Uma vez cheios do Espírito Santo, como lemos em Atos 2:4, começaram a falar com poder e ousadia; o fogo do Espírito ardiam em seus corações. Nada, absolutamente nada conseguiu apagá-lo. Foram injuriados, açoitados, presos, ameaçados de morte, alguns morreram, mas sempre falando de Cristo.

     II – É A IGREJA ONDE CRISTO ESTÁ PRESENTE: Não são imitações de Cristo, nem um Cristo apenas histórico, morto, separado dos homens, alheio aos nossos aflitivos problemas; mas é o Cristo que morreu no Calvário em nosso lugar, mas não fica retido pelos laços da morte. Ressuscitou. Está presente com seus discípulos, com aqueles que realizam o seu trabalho. No livro de Atos encontramos um Jesus vivo, um Jesus que fala com seus discípulos, que lhes dá ordens, que lhes lembra as promessas e que lhes aponta o caminho de poder para as grandes empresas do Reino de Deus.

     III – É A IGREJA QUE ORA: É o que encontramos no livro de Atos – a igreja que persevera unânime em oração; “e perseveram na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações” (Atos 2:42); ora e treme a terra; ora antes da escolha de diáconos; ora para que os samaritanos recebam o Espírito; ora para que as portas do Evangelho sejam abertas para o gentio Cornélio; ora para resolver problemas; ora para o grande trabalho missionário no mundo inteiro; ora buscando sempre a face de Deus, buscando o poder para a obra do Senhor.

     IV – É A IGREJA QUE GANHA ALMAS: Num dia somente, a Igreja de Jerusalém ganhou três mil almas – “Então, os que lhe aceitaram a palavra foram batizados, havendo um acréscimo de quase três mil pessoas” (Atos 2:41); pouco depois, lemos em Atos 2:47: “Louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos”; e em Atos 4:4: “Muitos, porém, dos que ouviram a palavra a aceitaram, subindo o número de homens a quase cinco mil”; e ainda, Atos 5:14: “E crescia mais e mais a multidão de crentes, tanto homens como mulheres, agregados ao Senhor”. Estamos hoje nesse ritmo de Atos dos Apóstolos?

     V – É A IGREJA QUE TEM VISÃO: Ergue os olhos e contempla os campos brancos para a ceifa. Sabe ver as misérias do mundo, a perdição das almas sem Cristo, a tortura em que vivem os homens na lama do pecado, as almas preciosas atiradas por Satanás no mar da amargura de crimes, de furto, de engano, de miséria, vergonha e perdição. Vê e vai buscá-las; vê e se compadece delas; vê e socorre-as; vê e leva-as a Cristo para a segurança; para o perdão, para a purificação no sangue do Calvário, para a salvação plena na graça do Senhor, para a vida abundante em Cristo.

     VI – É A IGREJA QUE TEM OUVIDOS PARA OUVIR: Pode ouvir o clamor das almas em desespero, mergulhadas no lodaçal do pecado; o clamor daqueles que se acham escravizados pelos vícios; amarrados pelos grilhões de Satã; que gemem sob dura escravidão; que estão prestes a partir para a eternidade sem Cristo e sem salvação. É a igreja que ouve e se apressa em atender; ouve e com urgência envia missionários; ouve e socorre.

     CONCLUSÃO: Eis o retrato da Igreja de Portas Abertas. Sem dúvida alguma o dínamo do poder foi acionado. Mas qual teria sido a força a acionar o dínamo? Mais uma organização? Mais uma regra? Mais um preceito? Mais uma interpretação deste ou daquele fato? Mais uma polêmica? Não! Nada disso. A força que abriu as Portas da Igreja foi aquilo que o Senhor tanto prometeu aos seus discípulos em Atos 1:8: “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra”. Precisamos hoje do mesmo batismo de poder que outrora despertou a sonolenta Igreja de Jerusalém; que venha despertar ainda hoje muitas igrejas que dormem o sono da indiferença, permanecendo com suas portas trancadas; mortas, mil vezes mortas. Só o Espírito de Poder e Graça é capaz de vivificá-las e torná-las úteis para a humanidade que vive estes dias tão agitados e tão terríveis e de tanta confusão e miséria. A vida de uma igreja, bem como o poder de que necessita para a obra do Senhor, consiste em abrir as suas portas para Cristo, portanto, para o mundo conturbado e aflito. Igreja de areia, abri as vossas portas para a glória de Cristo! Amém!



OBSERVAÇÃO: Sermão da década 60, quando o Rev David Falcão era Pastor da Igreja Presbiteriana de Areias - Recife-PE.

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