LEITURA BÍBLICA: “Atentai noutra parábola. Havia um homem, dono de casa, que plantou uma vinha. Cercou-a de uma sebe (cerca espinhosa), construiu nela um lagar (tanque onde são espremidas frutas), edificou-lhe uma torre e arrendou-a a uns lavradores. Depois, se ausentou do país. Ao tempo da colheita, enviou os seus servos aos lavradores, para receber os frutos que lhe tocavam. E os lavradores, agarrando os servos, espancaram a um, mataram a outro e a outro apedrejaram. Enviou ainda outros servos em maior número; e trataram-nos da mesma sorte. E, por último, enviou-lhes o seu próprio filho, dizendo: A meu filho respeitarão. Mas os lavradores, vendo o filho, disseram entre si: Este é o herdeiro; ora, vamos, matemo-lo e apoderemo-nos da sua herança. E, agarrando-o, lançaram-no fora da vinha e o mataram. Quando, pois, vier o senhor da vinha, que fará àqueles lavradores? Responderam-lhe: Fará perecer horrivelmente a estes malvados e arrendará a vinha a outros lavradores que lhe remetam os frutos nos seus devidos tempos. Perguntou-lhes Jesus: Nunca lestes nas Escrituras: A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, angular; isto procede do Senhor e é maravilhoso aos nossos olhos? Portanto, vos digo que o reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que lhe produza os respectivos frutos. Todo o que cair sobre esta pedra ficará em pedaços; e aquele sobre quem ela cair ficará reduzido a pó. Os principais sacerdotes e os fariseus, ouvindo estas parábolas, entenderam que era a respeito deles que Jesus falava; e, conquanto buscassem prendê-lo, temeram as multidões, porque estas o consideravam como profeta” (Mateus 21:33-46).
INTRODUÇÃO: Jesus não interpretou, não expôs esta parábola detalhadamente. Aplicou-a, porém, e essa aplicação é sua interpretação em termos gerais, como se vê no epílogo: “Portanto, vos digo que o reino de Deus vos será tirado”.
I – O PONTO CENTRAL DA PARÁBOLA: Fica estabelecido nestes três termos:
a) A VINHA: “O Reino”.
b) O PROPRIETÁRIO: “Deus”.
c) OS LAVRADORES ou RENDEIROS: “os principais sacerdotes e os fariseus”, conforme Mateus 21:23 (“Tendo Jesus chegado ao templo, estando já ensinando, acercaram-se dele os principais sacerdotes e os anciãos do povo, perguntando: Com que autoridade fazes estas coisas? E quem te deu essa autoridade?), 32 (Porque João veio a vós outros no caminho da justiça, e não acreditastes nele; ao passo que publicanos e meretrizes creram. Vós, porém, mesmo vendo isto, não vos arrependeste, afinal, para acreditardes nele) e 45 (Os principais sacerdotes e os fariseus, ouvindo estas parábolas, entenderam que era a respeito deles que Jesus falava).
II – OUTROS TERMOS DA PARÁBOLA: Estes termos, embora sejam menos salientes que os anteriores, merecem nossa atenção por serem portadores de ensinamentos mais ou menos valiosos:
a) A PLANTAÇÃO DA VINHA: O início desse reino em Israel, a que já se referia o Senhor por boca de ASAFE, quando cantou no Salmo 80:8: “Trouxestes uma videira do Egito, expulsaste as nações e a plantaste”. Foi o começo da nacionalidade israelita em sua própria terra.
b) A SEBE: representa a proteção divina.
c) O LAGAR: indica os triunfos e a abundancia de bens com que o Senhor prometia alegrar seu povo.
d) A TORRE: Um centro de vida, governo e defesa: Jerusalém, sede da monarquia teocrática de Israel.
e) OS SERVOS DO PROPRIETÁRIO RECLAMANDO OS FRUTOS: Eram os profetas, primeiros e últimos, como os classificaram os judeus.
f) O FILHO: O próprio Jesus, enviado pelo Pai, rejeitado e morto pelos chefes de Israel, como indica o epílogo da parábola sob a metáfora de “pedra que os edificadores rejeitaram”.
g) A VINDA DO PROPRIETÁRIO, O CASTIGO DOS MAUS LAVRADORES E A ENTREGA DA VINHA A OUTRA GENTE QUE PAGUE A RENDA NO TEMPO DEVIDO: Tem referência a Segunda Vinda do Senhor, ao juízo que recairá sobre Israel e ao estabelecimento do reino em novas condições de garantida prosperidade.
CONCLUSÃO: Há em toda esta parábola, apenas um termo que tem dado lugar a divergência de interpretação e controvérsia entre sinceros cristãos. É no versículo 43 (“Portanto, vos digo que o reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que lhe produza os respectivos frutos”), a transferência da vinha, ou do reino, para uma nação que dará os frutos dele. Querem alguns intérpretes, que isso signifique a entrega do reino em caráter espiritual a Igreja Cristã na presente dispensação, e a rejeição definitiva de Israel como um povo. Vejamos o que pensamos sobre isso:
a) Visto que o próprio Jesus prediz que esse mesmo povo tornará a vê-lo, quando disse: “Declaro-vos, pois, que, desde agora, já não me vereis, até que venhais a dizer: Bendito o que vem em nome do Senhor!” (Mateus 23:39);
b) Visto que o grande galardão prometido por Ele aos apóstolos é que se assentarão em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel: “Jesus lhes respondeu: Em verdade vos digo que vós, os que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel” (Mateus 19:28);
c) Visto que Paulo afirma que os ramos da oliveira (os judeus), atualmente cortados, serão novamente enxertados: “Pois, se foste cortado da que, por natureza, era oliveira brava e, contra a natureza, enxertado em boa oliveira, quanto mais não serão enxertados na sua própria oliveira aqueles que são ramos naturais! Porque não quero, irmãos, que ignoreis este mistério (para que não sejais presumidos em vós mesmos): que veio endurecimento em parte a Israel, até que haja entrado a plenitude dos gentios. E, assim, todo o Israel será salvo, como está escrito: Virá de Sião o Libertador e Ele apartará de Jacó as impiedades. Esta é a minha aliança com eles, quando Eu tirar os seus pecados. Quanto ao evangelho, são eles inimigos por vossa causa; quanto, porém, à eleição, amados por causa dos patriarcas; porque os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis” (Romanos 11:24-29).
d) Visto que todas as profecias de bênçãos e prosperidade para Israel no Velho Testamento (muitas delas incondicionais) ficariam sem cumprimento, se esse povo não tornar-se a ser restaurado ao favor divino;
e) Além disso, não olvidemos que os lavradores ou rendeiros maus da parábola, eram os CHEFES – os guias espirituais de Israel, e NÃO O POVO. Por isso, o que o Senhor prediz é que a direção do reino será dada a outro povo, e com isso concordam as Escrituras. O governo do reino futuro será confiado aos servos que se mostrarem fiéis na dispensação atual: “Respondeu-lhe o Senhor: Muito bem, servo bom; porque foste fiel no pouco, terás autoridade sobre dez cidades. Veio o segundo dizendo: Senhor, a tua mina rendeu cinco. A este disse: Terás autoridade sobre cinco cidades” (Lucas 19:17-19). O reino, porém, abrangerá, como um de seus elementos principais, os israelitas restaurados à sua terra e às bênçãos do Senhor.
Excelente!
ResponderExcluirMuito obrigada! Nao conseguia entender nada dessa parábola...estava tateando...clareou!
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