segunda-feira, 5 de setembro de 2016

AS GLÓRIAS DO MINISTÉRIO - Parte 1



TEXTOS BÍBLICOS: “Sou grato para com aquele que me fortaleceu, Cristo Jesus, nosso Senhor, que me considerou fiel, designando-me para o seu ministério, a mim, que, noutro tempo, era blasfemo, e perseguidor, e insolente. Mas obtive misericórdia, pois o fiz na ignorância, na incredulidade. Transbordou, porém, a graça de nosso Senhor, com a fé e o amor que há em Cristo Jesus. Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. Mas, por esta mesma razão, me foi concedida misericórdia, para que, em mim, o principal, evidenciasse Jesus Cristo a sua completa longanimidade, e servisse eu de modelo a quantos hão de crer nele para a vida eterna. Assim, ao Rei eterno, imortal, invisível,Deus único, honra e glória pelos séculos dos séculos. Amém” (I Timóteo 1:12-17). “Começamos, porventura, outra vez a recomendar-nos a nós mesmos? Ou temos necessidade, como alguns, de cartas de recomendação para vós outros ou de vós? Vós sois a nossa carta, escrita em nosso coração, conhecida e lida por todos os homens, estando já manifestos como carta de Cristo, produzida pelo nosso ministério, escrita não com tinta, mas pelo Espírito do Deus vivente, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, nos corações. E é por intermédio de Cristo que temos tal confiança em Deus; não que, por nós mesmos, sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa suficiência vem de Deus, o qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica. E, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, se revestiu de glória, a ponto de os filhos de Israel não poderem fitar a face de Moisés, por causa da glória de seu rosto, ainda que desvanecente, como não será de maior glória o ministério do Espírito! Porque, se o ministério da condenação foi glória, em muito maior proporção será glorioso o ministério da justiça. Porquanto, na verdade, o que, outrora, foi glorificado, neste respeito, já não resplandece, diante da atual sobre-excelente glória. Porque, se o que se desvanecia teve sua glória, muito mais glória tem o que é permanente” (II Coríntios 3:1-11).

INTRODUÇÃO: À Timóteo, jovem ministro e filho na fé do próprio Paulo, o grande apóstolo, apresentou esta avaliação sublime de sua suprema vocação, retratando a glória do serviço cristão.

I -  O MINISTÉRIO EVANGÉLICO É UMA VOCAÇÃO GLORIOSA: 

1. Por causa daquele que nos vocaciona: O verdadeiro ministério não é uma profissão, mas uma chamada divina. Os grandes mensageiros de Deus através dos anos têm sido profundamente cônscios desta vocação. MOISÉS ouviu a voz de Deus na sarça ardente, chamando-o para tirar seu povo da terra do Egito. AMÓS, o pastor, disse: “Mas o Senhor me tirou de após o gado e o Senhor me disse: Vai e profetiza ao meu povo de Israel” (Amós 7:15). ISAÍAS recebeu sua chamada numa maravilhosa visão na qual viu o Senhor e o ouviu pedir: “Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim” (Isaías 6:8). A JEREMIAS, disse o senhor:  “Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, e, antes que saísses da madre, te consagrei, e te constituí profeta às nações” (Jeremias 1:5). JOÃO BATISTA foi sempre cônscio de sua missão divina, e PAULO também, que chegou a dizer: “Do qual fui constituído ministro conforme o dom da graça de Deus a mim concedida segundo a força operante do seu poder. A mim, o menor de todos os santos, me foi dada. Esta graça de pregar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo” (Efésios 3:7-8).

2. Este sentimento da vocação de Deus é o glorioso pedestal do Ministério, o clarão e o ardor tão necessário à perseverança no serviço: Perca este calor, e tudo será insípido, sem graça e vazio. Nenhum cargo será mais pesado do que experimentar-se fazer a obra do Senhor sem a visão do Senhor. Ministros sem visão espiritual tornam-se meros negociantes no mercado religioso, gritando suas mercadorias de Domingo a Domingo em tons de necessidade – figuras patéticas na presença de apáticos ouvintes, fazendo um coro ministerial sem nenhuma graça, vendendo seus talentos ao que der mais, oferecendo uma ração de sermão por uma ração de salário. O pregador que sente estar trabalhando para Deus não usa meia-verdades, não faz sermões pré-fabricados e a gosto daqueles que, donos da igreja, vivem irregularmente, e/ou de outros que desejam a continuação do seu status quo de marasmo espiritual. A vida é uma caminhada tediosa quando o clarão está perdido. Muitos servos de Deus desencorajados sabem disto muito bem. MOISÉS perdeu seu clarão entre as murmurações de seu povo obstinado. Ele feriu a rocha no deserto duas vezes furiosamente e disse: “Moisés e Arão reuniram o povo diante da rocha, e Moisés lhe disse: Ouvi, agora, rebeldes: porventura, faremos sair água desta rocha para vós outros?” (Números 20:10). Esta petulância foi muito cara – custou a perda da terra prometida. Todo o ministro de Deus que, em sua petulância perde a visão divina e se esforça para conduzir o rebanho de Deus com seus próprios recursos, perde também a terra prometida do galardão e bem-aventuranças.

II -  O MINISTÉRIO É GLORIOSO POR CAUSA DA MENSAGEM: Nosso tema é “boas novas” – não aviso ou condenação, mas a graça de Deus em Cristo. Boas Novas – gloriosas novas! Boas novas sobre um Deus de amorável, sobre pecados expiados, sobre libertação da tristeza, sobre a extinção da morte e da vitória sobre o túmulo – novas que o mundo perdido necessita hoje. Nosso Senhor proclamou em seu primeiro sermão na sinagoga de Nazaré, sua terra natal, quando pregou boas novas ao pobre, libertação aos cativos, abertura dos cárceres aos presos. Como deve esta mensagem ter tocado profundamente nos corações do povo de Nazaré! Alguém deve ficar triste quando o pregador nada tem a pregar senão as últimas conquistas do homem na ciência tecnológica, na vida social ou econômica. É verdade que ocasiões há em que devemos pregar sobre “os tempos”, mas devemos nos preocupar mais com “a eternidade”. Progressos sociais e econômicos vêm e se vão, mas a necessidade do homem pecaminoso e o remédio de Deus para ele permanecem o mesmo. Que maravilhosa mensagem temos! Os anjos desejaram-na anunciar, mas Deus a confiou a nós! Para ser um autêntico pregador, o ministro deve estar possuído da mensagem que anuncia. É glorioso ser um canal vivo da mensagem viva, de possuir-se uma mente afinada com o Espírito Santo, de ter-se os lábios como instrumentos do propósito divino, ter-se toda a personalidade operando sob a inspiração do Espírito para o fim que Deus comissionou: ganhar homens e mulheres para Cristo. O Ministério é glorioso por causa das experiências obtidas no trato com o rebanho. O povo em geral tem olhado os crentes como gente ignorante, de mentalidade estreita, acrimoniosas, afinal, um grei de grau inferior às demais da sociedade. Todavia, o ministro tem recebido deste povo, cujas vidas foram transformadas pelo poder de Deus, maravilhosas experiências. Exemplos de fortaleza e de caráter, de nobreza e coragem no meio da adversidade, tem proporcionado ao ministro grandes bençãos que só a Eternidade pode um dia revelar.

III – O MINISTÉRIO TAMBÉM É UMA VOCAÇÃO PERIGOSA: Paulo teve um sentido dualístico da glória e responsabilidade. Enquanto a glória do ministério o exaltava, os perigos de sua chamada suprema o enchia de reverente temor. Dentro de sua alma, ecoava, como o sonido de uma solene campainha, a possibilidade solene de “tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado (I Coríntios 9:27). Sim, há graves perigos nesta gloriosa vocação – perigos sempre acompanham privilégio. Muitos rebanhos pensam  do ministro como tendo uma vida sem tribulação, com céus brilhantes, boa roupa, farta dispensa, acobertado das mais duras realidades da vida, diferente do homem no escritório ou na fábrica. “Nossas vidas são campos de batalha”, diz o banco ao pregador, “e vós sois jardim”. Talvez, mas oh! As batalhas num jardim! O esforço para viver-se tem lugar nos jardins. Ali a vida luta contra o silêncio, o vício, inimigos mortais. A lei da sobrevivência do mais forte, o esforço para viver-se é continuamente praticado nos jardins. Os observadores superficiais dos jardins nunca vêem o esforço, mas ele está ali em toda a sua realidade mortal. A batalha no escritório e na fábrica é um tipo de batalha superficial. É barulhenta, suada, metálica. Porém, a batalha no jardim, é básica, e a vida do universo depende da vitória nessa batalha. Ela estava no Jardim do Getsêmane, onde Cristo travou sua luta que fez possível a salvação do mundo através da cruz do calvário. O ministério é rico em privilégio, porém ele não dá nenhuma garantia de segurança moral. Muitíssimos, como LÓ, tem começado sua peregrinação para Canaã somente para terminarem finalmente em Sodoma e seus pecados. Não há tragédia comparável com a de guiar-se outros num caminho e depois você mesmo desviar-se nele.
PRIMEIRO, há o perigo das “alturas”. O ministro está sempre em perigo de perder o sentido do alto privilégio das alturas sobre as quais ele continuamente vive. É trágico perder Jesus no Templo, viver com o Livro e perder seu poder, deixar a oração tornar-se um dever desagradável, ter o serviço da igreja tornado-se tedioso, e as conversões ter-se tornado coisa vulgar. Muitos ministros, desse modo degeneram-se numa mera taboleta indicadora de caminho para o céu – bastante ortodoxa, bastante fiel em assuntos rotineiros, mas sem vida e inspiração. Ele está sempre em perigo de tronar-se um mero professor, quando deveria ser um peregrino. É possível para o ministro tornar-se um fingido sem aperceber-se disso. 
SEGUNDO, há o perigo das “profundidades”. O ministro vive no meio do sofrimento humano. Tristezas vem continuamente à sua porta e, caso não se precavenha, pode tornar-se insensível aos dramas da vida. O que outro homem encontra uma ou duas vezes na vida, para o ministro é sua contínua experiência. Ele anda entre os doentes e moribundos. Coisas que importunam os espíritos de outros por semanas, podem durar uma hora nele, e sua grande tentação é de escudar-se em frio profissionalismo contra estes sofrimentos. 
TERCEIRO, há o perigo do “orgulho espiritual”. Algumas das mais severas derrotas tem-se verificado no meio de grandes sucessos. Pedro, em Cesaréia de Filipo, ouviu o louvor do Senhor – “Bem-aventurado és tu” (Mateus 16:17). Um pouco mais tarde, certamente por sua alma ter-se possuído de orgulho, ele ouviu – “Arreda, satanás!” (Mateus 16:23). O orgulho da vitória é uma armadilha terrível. Nossa responsabilidade não é apenas de pregar a Cristo crucificado, mas de pregá-Lo duma maneira que revelemos em nós tal mensagem. 
ILUSTRAÇÃO: Conta-se que um certo seminarista pediu para pregar numa grande igreja, de um grande pregador. Com grande confiança própria, ele dirigiu-se rapidamente para o púlpito, sentindo que arrebataria o auditório com a sua oratória. Pouco depois de ler o trecho da palavra de Deus, ele sentiu que seus pensamentos sobre o sermão, tão cuidadosamente preparado, iam fugindo de sua memória. Ele tatarmudeou, suou e gaguejou durante uns vinte minutos, e depois deixou o púlpito profundamente amargurado, e dirigiu-se para um dos bancos da igreja. Após o culto, uma senhora piedosa, compadecendo-se dele, o procurou e lhe disse estas palavras finais: “Jovem, se você tivesse assumido o púlpito como desceu, você teria descido dele como subiu”.

IV – O GALARDÃO DA VOCAÇÃO: Graças a Deus que são muitos! 
PRIMEIRO, há galardões pessoais. Estes são amplamente subjetivos. O desenvolvimento da mente, a grandeza da alma, a criação do caráter eterno. As recompensas materiais são mais do que monetárias. Os ministros do evangelho são muitas vezes mal remunerados, porém conhecem o gozo de lidar com as almas, sendo o instrumento de Deus para transformar famílias e lares. Há a rica satisfação em conhecer-se da existência de ministros e missionários, espalhados pelo mundo, como resultado do nós termos comunicados aos mesmos a verdade confiada a nós. 
SEGUNDO, há as recompensas eternas. Esperamos ouvir do Senhor: “Bem está, servo bom e fiel”. Esta antecipação é exemplificada pelo canto de cisne do apóstolo Paulo: “Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partido é chegado. Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda” (II Timóteo 4:6-8). Naquele dia, todo sacrifício feito por causa de Cristo será superado ante a glória que nos será revelada; toda a angústia, toda a incompreensão serão ultrapassadas, e nosso ministério glorioso será então glorificado na presença dÊle, que é a nossa glória, honra e louvor.

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