Mateus 23:10 (“Nem vos chameis mestres, porque um só é o vosso Mestre, que é o Cristo”)
INTRODUÇÃO
O MESTRE verdadeiramente eficiente deve ter, entre outras, bem destacadas, três qualidades: conhecimento real da matéria; compreensão penetrante da natureza humana; e método adequado de ensino. JESUS teve tais qualidades em proporções nunca atingidas por nenhum outro doutrinador. Vejamos se é assim.
I – CONHECIMENTO DA MATÉRIA
Jesus nunca teve perplexidades em emitir julgamentos certos sobre problemas de ordem ética (Mateus 22:15-22: “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus.”). Esse é apenas um exemplo da capacidade que Jesus manifestou para ser a verdade. Poderíamos citar muitos outros. Sua fonte de conhecimentos promana do próprio Deus (João 7:15: “E os judeus maravilhavam-se, dizendo: Como sabe este letras, não as tendo aprendido?”); (Colossenses 2:9: “porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade.”); (Colossenses 2:2-3: “para que os seus corações sejam consolados, e estejam unidos em caridade e enriquecidos da plenitude da inteligência, para conhecimento do mistério de Deus – Cristo, em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência.”). As maiores mentalidades do mundo têm tido necessidade de se retratarem e de modificarem, em grande parte, suas doutrinações. Não são MESTRES ABSOLUTOS. Contraste-se isso com o ensinamento de Jesus. Ele nunca fez adição corrigida e aumentada do Sermão da Montanha ou de qualquer dos seus discursos. Quando os pronunciou já disse tudo em essência. Uma vez ou outra Ele, como aconteceu com a parábola do semeador, explicou o que havia dito. Mas isso, porém, se verificou por causa da incapacidade dos discípulos em aprenderem logo a profundeza do ensino do MESTRE. Não foi, portanto, do próprio ensino ter sido imperfeito. Não se trata, pois, de nenhuma retratação, como tem acontecido com a maioria dos escritores humanos, que são obrigados a por no frontispício de seus livros a frase: “Edição revista e melhorada”. (Malaquias 3:6: “Porque Eu, o Senhor, NÃO MUDO...”); (Tiago 1:17: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança, nem sombra de variação.”); (Hebreus 13:8: “JESUS CRISTO é o mesmo ontem, e hoje, e eternamente”.).
Acrescentemos a tudo quanto já foi expresso neste sermão, mais dois fatos de grande relevância: A experiência de Jesus revelada no critério fácil e seguro para avaliar a veracidade dos seus ensinamentos. Quando, no dia da festa dos tabernáculos em Jerusalém, o povo formulava conceitos diversos e contraditórios sobre a sua pessoa, Ele afirmou que se alguém quisesse fazer a vontade do Pai, saberia se a doutrina que Ele estava ensinando era verdadeira ou não. A maioria dos mestres religiosos não apresenta doutrinações que possam ser submetidas a essa prova. Na prática, muitas delas falham fragorosamente. Não acontece isso com os ensinos de Jesus. Acrescente-se a tudo isso um pormenor interessante. Quanto mais se aperfeiçoam os conhecimentos humanos, mais a inteligência do homem se coloca em condições de compreender a profundeza do que Jesus ensinou. Exemplo: A mentalidade culta de hoje que esteja familiarizada com as descobertas da psicanálise e que compreenda, por isso mesmo, até que ponto os reflexos dos sentimentos podem dirigir a inteligência, aprecia muito melhor dos que os pensadores do passado, o mecanismo que explica estas palavras de Jesus: “Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus” (Mateus 5:8).
II – CONHECIMENTO DA ALMA HUMANA
Os especialistas em Pedagogia insistem em focalizar bem a necessidade que os mestres têm – para serem eficientes – de conhecer profundamente a alma dos doutrinados. É muito justa essa insistência. JESUS revelou de várias maneiras os conhecimentos que tem do íntimo dos homens. Para apreciar esse dom extraordinário, destaquemos primeiro a capacidade surpreendente que revelou de apanhar os pensamentos que agitavam a alma dos seus ouvintes. Uma vez, em Cafarnaum, disse que tinha poder para perdoar pecados. Alguns escribas que o ouviram não o interpelaram como haviam feito em outras ocasiões. Mas, entre si mesmos comentavam a afirmativa de Jesus tachando-a de blasfema. Antes, porém, que essa acusação se exteriorizasse, JESUS já lhe deu adequada resposta: “Jesus, porém, conhecendo os seus pensamentos, respondeu e disse-lhes: Que arrazoiais em vosso coração?” (Lucas 5:22). Outros exemplos: “Mas Jesus, vendo o pensamento do coração deles, tomou uma criança, pô-la junto a si e disse-lhes...” (Lucas 9:47-48); “Mas ele (JESUS), conhecendo bem os seus pensamentos, disse ao homem que tinha a mão mirrada: Levanta-te e fica em pé no meio. E, levantando-se ele, ficou em pé” (Lucas 6:8). Mas, a visão penetrante que o MESTRE tinha da alma humana não se limitava a conhecer os pensamentos dos ouvintes. Ele avaliava-lhes muito bem o caráter. Eis um caso típico: Ele fez um discurso no templo de Jerusalém. O resultado dessa prédica está assim registrado em João: “E, estando ele em Jerusalém pela Páscoa, durante a festa, muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu nome. Mas o mesmo Jesus não confiava neles, porque a todos conhecia enão necessitava de que alguém testificasse do homem, porque ele bem sabia o que havia no homem”. (João 2:23-25). Nos quatro casos aí referidos, há um elemento comum bem saliente: é a afirmação feita pelos evangelistas de que JESUS conhece o íntimo dos homens. Os psicólogos modernos classificariam esse dom como fenômenos da “Parapsicologia” ou da “Psicologia profunda”. Antes que esses doutrinadores inventassem tais nomes, JESUS, já conhecia muito bem a ciência que é agora designada por essa terminologia. Mas, para apreciar a Cristo como psicólogo, não podemos parar por aí. Ele não só conhecia o que seus discípulos eram no momento em que estavam diante dEle, como também o que viriam a ser. Isso é, de fato, admirável. Exemplos: O cobrador de imposto a quem Ele chamou (Mateus). O publicano que Ele convidou é conhecido hoje no mundo inteiro como grande escritor. JESUS viu no publicano, tido como desprezível, alguma coisa mais do que a aparência. Por isso mesmo é que naquele cobrador de impostos a que todos se referiam apenas dizendo que era um “pecador”, JESUS viu qualidades reais para um notável discípulo. E o MESTRE não errou. O caso de Pedro é similar. Só uma intuição especialíssima podia ver em Pedro qualquer coisa que se assemelhasse a uma rocha – “Tu é Simão, filho de Jonas, tu serás chamado Cefas - que quer dizer pedra”. O caráter desse homem podia ser comparado a ondas movediças ou mesmo a uma tempestade, pois ele foi vacilante e às vezes impetuoso. Firmeza de rocha é que dificilmente se veria nele. Pois JESUS viu essa qualidade naquele aparentemente volúvel. Momentos houve em que poderia parecer que JESUS tivesse errado. Não é verdade que Pedro o negou? Também não é certo que ele, esquecendo-se dos ensinos do MESTRE, feriu a espada a Malco? Onde está o homem, cuja firmea se comparasse a de uma rocha? Essa firmeza vai aparecer. Um dia, esse mesmo Pedro levanta-se diante de uma multidão em Jerusalém e acusa com firmeza os que a Cristo crucificaram. Nesse momento, dada a fúria dos adversários, era realmente muito difícil dar testemunho da verdade. Pedro deu esse testemunho com toda ousadia. Não era mais o simples Simão (ouvinte), mas verdadeiramente Cefas (rocha).
III – MÉTODO ADEQUADO DE ENSINO
Há mestres de grande erudição que não conseguem lecionar eficazmente. Falta-lhes método adequado para isso. O processo usado por JESUS é maravilhoso. Conseguiu Ele ilustrar com os costumes do Seu tempo e com as belezas naturais os fatos mais transcedentes do seu ensino. Seu método é intuitivo e dos mais eficazes. Em virtude dessa peculiaridade, tanto as pessoas cultas, como as mais simples, podem entender-lhe os ensinamentos. Decorre ainda de tudo isso, que os preceitos do MESTRE não se tornam antiquados. Nunca perdem a vitalidade e a beleza. Passam os anos, mudam as circunstâncias, evolui a civilização, mas a beleza e a glória moral dos princípios de JESUS permanecem intactas e resplandecentes. JESUS não é produto de uma época, como acontece com a grande maioria dos doutrinadores. Ele é o MESTRE SUPREMO para todos os séculos.
CONCLUSÃO
Que privilégios extraordinários têm os Cristãos! O tipo de autoridade religiosa ardentemente procurada pelos pensadores do passado, sem que eles a encontrassem, os cristãos a têm. Seu MESTRE é infalível, inspirador e divino. O que importa é aceitá-lo como tal e seguí-lo com fidelidade impertubável, permanente e entusiasta.